Wednesday, August 17, 2011

Lembrei-me...

Hoje lembrei-me que devo esquecer-te mas esqueci-me que nem sequer me lembro de ti, porque tu és uma presença permanente...

Tuesday, May 04, 2010

Saudades de ti

Não!
Não é de quando me oferecias os pomos de teus seios
E me perdia no mel dos teus beijos
Ou quando, no teu corpo navegando,
Na praia do teu ventre naufragava,
De que mais saudades tenho!...
Indeléveis saudades tenho,
De te ver em frente a mim à mesa do café
E o meu sapato tocava no teu pé
Quando o meu olhar o teu perscrutava
E então, tantas vezes sorria…
E outras quase chorava…

Wednesday, April 14, 2010

Reflexões

O amor é fundamentalmente um sentimento ideal, abstracto que, não raras vezes, se dilui e esvai na passagem ao concreto. Desapareceste num tempo que eu posso dizer que ainda te amo e aí o paradoxo da separação: amar e sofrer. O que significa que o meu amor por ti permanecerá ainda (como ideal e abstracto), sem erosão do tempo. Tivesses permanecido um pouco mais e não teria agora, provavelmente, uma coisa nem outra; que é o que imagino que se passa contigo. Porque não foi, comigo, este amor mais volúvel e fátuo? Enfim, caso para dizer que eu deveria ter usado taxas de amortização mais aceleradas... É tudo uma questão de ritmo e de sintonia, neste caso de falta dela.

Friday, December 18, 2009

Não sei ser triste - Fernando Pessoa

Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?

Ah, ante a ficção da alma
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração!

Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.

Depois, a nós como a ela,
Quando o Fado os faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E ambos nos vêm calcar.

'Stá bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.

in Poesia do Eu, Obra Essencial de Fernando Pessoa, edição Richard Zenith, Assirio & Alvim

Mais poemas de Fernando Pessoa aqui

Friday, April 24, 2009

Ai Jesus! - Alvares de Azevedo

36 B Níveos seios 36-B Níveos seios Foto: SXC

Ai, Jesus! Não vês que gemo,
Que desmaio de paixão
Pelos teus olhos azuis?
Que empalideço, que tremo,
Que me expira o coração?
Ai, Jesus!

Que por um olhar, donzela,
Eu poderia morrer
Dos teus olhos pela luz?
Que morte! Que morte bela!
Antes seria viver!
Ai, Jesus!

Que por um beijo perdido
Eu de gozo morreria
Em teus níveos seios nus?
Que no oceano dum gemido
Minh'alma se afogaria?
Ai, Jesus!

Manuel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, 12 de setembro de 1831 — Rio de Janeiro, 25 de abril de 1852)

copiado de Nothingandall

Monday, September 22, 2008

Gosto de ti Calada... Pablo Neruda

Pablo Neruda continua a fala-nos e de que maneira, no dia em que passa 35 anos após a sua morte:

Gosto de ti calada porque estás como ausente
e me ouves de longe, e esta voz não te toca.
Parece que os teus olhos foram de ti voando
e parece que um beijo fechou a tua boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
tu emerges das coisas, cheia da alma minha.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma
e pareces-te com a palavra melancolia.

Gosto de ti calada e estás como distante.
E estás como queixando-te, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e esta voz não te alcança:
Vais deixar que eu me cale com o silêncio teu.

Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples.

Gosto de ti calada porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesses morrido.
Uma palavra então, um teu sorriso bastam.
E estou alegre, alegre porque não é verdade.

Pablo Neruda

Sunday, September 07, 2008

Ver estrelas...


- Bébé queres ir ver estrelas comigo?
- Ah! Maroto... Quero sim!...
E foram os dois até à Rua das Estrelas, visitar o Planetário, no Porto!